segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Os 3

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

3, Os (2011)

Estreia oficial | no Brasil: 11 de novembro de 2011
IMDb



"Os 3", longa dirigido por Nando Olival (diretor do 'hit' da internet, "Eduardo e Mônica", e que co-dirigiu - com Fernando Meirelles - "Domésticas - O Filme", de 2001) aposta em uma linguagem dinâmica para abordar o universo jovem, ainda falando sobre sexualidade e consumismo. Porém, se tecnicamente, o filme acerta em quase tudo, o mesmo não se pode dizer em termos de conteúdo.

O roteiro, escrito pelo próprio Olival e por Thiago Dottori, mostra como três universitários - Rafael (Victor Mendes), Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy) - se conhecem, vão morar juntos, convivem durante os quatro anos da faculdade e embarcam numa experiência de reality show em seu próprio apartamento.

Um dos principais méritos do filme é sua edição, que dá dinamismo à história, fazendo-a fluir no ritmo certo, e com elipses temporais bem realizadas que dão conta do seu objetivo de forma elegante. A fotografia e a direção de arte também acertam.

Porém, o mesmo não se pode dizer de seus personagens e os drama pelos quais eles passam. Interpretados de forma irregular por seus protagonistas (que alternam momentos de delicada sinceridade com outros de dolorosa canastrice), os personagens vistos em "Os 3" soam superficiais e estereotipados demais. Faltou sutileza em suas composições para que o longa conseguisse alcançar um outro patamar. Não que a história seja ruim. Até porque a interação e a química entre os protagonistas é boa. Mas faltou um 'algo mais'.

Mas o grande problema são as motivações e dúvidas pelas quais os três amigos passam, que nunca soam realmente convincentes ou verdadeiras. Parecem apenas dramas colocados à frente deles para que o roteiro possa evoluir, não soam 'reais'. Assim como suas ações, que, em determinado ponto da história, até se tornam óbvias e previsíveis.

O filme conta com uma estrutura circular interessante, que pode parecer ter um começo meio forçado, mas que o desenrolar da história trata de contextualizá-lo e fazê-lo, em retrospectiva, soar melhor do que se havia imaginado, o que não deixa de ser um grande ponto positivo para Nando Olival.

Porém, nem todo o filme se encaixa nessa lógica e, ao final, a impressão que fica é a de um filme 'bacaninha', mas que faltou se aprofundar nas questões levantadas, e que resultou tão esquemático quanto seus personagens. O que é uma pena, pois havia um grande potencial aí.


por Melissa Lipinski


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