quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Hiroshima: Um Musical Silencioso

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Hiroshima: Um Musical Silencioso (Hiroshima, 2009)

Estreia oficial: 12 de novembro de 2009
Estreia no Brasil: 07 de outubro de 2011
IMDb



Pablo Stoll já escreveu e dirigiu três longas-metragem. Dois deles, "25 Watts" (2001) e "Whisky" (2004), em parceria com Juan Pablo Rebella (que morreu aos 32 anos em 2006, quando cometeu suicídio). E parece que era justamente essa parceria que dava certo, já que os filmes resultantes dela eram realmente bons; porém esse "Hiroshima: Um Musical Silencioso" decepciona.

Realizado como um filme caseiro, "Hiroshima" tem como protagonistas os parentes próximos de Stoll (nem os nomes não foram mudados). A trama acompanha Juan Andrés Stoll em um cotidiano entediante. Não há muito o que falar, a história simplesmente segue os passos do protagonista no que seria um dia qualquer de sua ordinária vida.

Chama a atenção (mesmo sem uma justificativa aparente), a escolha em expressar os diálogos por meio de cartelas (como um filme mudo), ainda que os sons ambientes e a trilha musical estejam presentes. É fato que os diálogos são altamente descartáveis nesta história, inclusive as próprias cartelas que, além do experimentalismo, não se justificam.

A trama é quase que um 'road-movie' dentro de Montevidéu, porém soa episódica demais, sem mostrar nenhuma correlação entre os fatos. Assim, pessoas e acontecimentos passam pela vida de Juan sem nunca parecer afetá-lo ou despertar qualquer sentimento no rapaz, que está sempre impassível a tudo e a todos.

Não sei, talvez eu é que não tenha conseguido "entrar" no clima do filme. E, apesar de algumas cenas interessantes como o embate entre pai e filho que lembra um western; ou a sequência em que Juan e a namorada lancham em frente a um hospital enquanto os figurantes realizam suas ações repetidamente atrás deles; de modo geral o filme me pareceu tão sem sentido quanto seu protagonista. Um projeto tão pessoal de Stoll que parece não se conectar com as demais pessoas (assim como seu personagem). Bom, talvez o filme seja mesmo o reflexo de uma experiência traumática na vida do cineasta, depois do suicídio de seu parceiro de trabalho e amigo.

Mas o fato é que resultou pessoal demais. E impessoal demais.


por Melissa Lipinski


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