sábado, 12 de novembro de 2011

Dez Invernos

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Dez Invernos (Dieci Inverni, 2009)

Estreia oficial: 10 de dezembro de 2009
Estreia no Brasil: sem data prevista
IMDb



Essa história de amor que se passa na charmosa Veneza durante - como diz o título - dez invernos, abusa da paciência do espectador, pois além de deveras previsível, conta com personagens mal construídos e sem carisma algum.

Ao se conhecerem por acaso numa balsa, Camilla (Isabela Ragonese), recém chegada de sua cidadezinha para estudar literatura russa em Veneza; e Sylvestre (Michele Riondino), que está perdido na vida, vão tecendo um relacionamento que inicia apenas por encontros ao acaso, torna-se uma amizade à distância, para depois se transformar em um forte sentimento de amizade que, naturalmente, evolui para um amor desencontrado, já que ambos, hora ou outra, envolvem-se com outras pessoas.

Já no início, quando somos apresentados aos dois personagens, as situações soam forçadas demais, inverossímeis, o que dificulta acreditarmos no interesse que surge entre eles. E, à medida que a narrativa avança, não só Camilla e Sylvestre não são melhores construídos, como há a inclusão de novos personagens que aparecem ou desaparecem, e envolvem-se com os protagonistas de forma abrupta e mal explicada.

Abrupta também são as elipses temporais. Como a história acontece apenas em invernos, a passagem de tempo sempre parece entrecortada, e prejudica o ritmo do longa. Como as elipses são longas demais, as transformações que os personagens sofrem durante elas são muitas, o que também dificulta o entendimento de suas ações, já que algumas, até contradizem o que havia sido mostrado até então.

Com uma fotografia que não consegue explorar devidamente as belas locações onde a história acontece (principalmente Veneza e Moscou), "Dez Invernos" acaba soando burocrático e esquemático demais. Sem inovar ou deleitar os olhos do espectador.

O diretor estreante, Valerio Mieli (que também divide a autoria do roteiro com Davide Lantieri e Isabella Aguilar), também não consegue uma boa atuação de seu elenco, o que também acaba prejudicando o andamento da narrativa, e fazendo-a soar um tanto quanto piegas até.

Enfim, "Dez Invernos" é aquele filme regular. Não chega a ser um embaraço, mas seus defeitos conseguem sobrepor-se às suas qualidades, e isso nunca é bom.


por Melissa Lipinski


OBS: Comentário escrito durante a 35ª Mostra Intrnacional de Cinema de São Paulo.


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