terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Árvore do Amor

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Árvore do Amor, A (Shan Shu Zhi Lian, 2010)

Estreia oficial: 16 de setembro de 2010
Estreia no Brasil: 21 de outubro de 2011
IMDb



Zhang Yimou é um dos mais respeitados cineastas da atualidade, e faz parte da chamada "quinta geração" de diretores da China. Atuando como diretor desde o fim dos anos 1980, é dono de uma vasta cinematografia que inclui, predominantemente, melodramas que têm como pano de fundo a realidade econômica e política de seu país em diferentes épocas.

Ainda que tenha flertado com as artes marciais (ou wuxia pian como o gênero é conhecido) em uma belíssima trilogia ("Herói", de 2002; "O Clã das Adagas Voadoras", de 2004; e "A Maldição da Flor Dourada", de 2006), a maioria dos seus filmes realmente tem o melodrama como estilo. E este "A Árvore do Amor" não foge à regra, e revela-se não só um belíssimo drama, como um excelente filme sobre a natureza do amor, além é claro de situar-se em um importante período político da China.

O roteiro (baseado em um romance de Ai Mi), passa-se durante a Revolução Cultural (década de 1960), e acompanha a estudante Jing (Zhou Dongyu) que é mandada para o campo para aprender novos valores (pois somente com os camponeses, os jovens poderiam se ver livres dos preceitos capitalistas e aprenderem a ser comunistas 'de verdade'). Lá, a jovem acaba conhecendo Sun (Dou Shawn) e se apaixonando. Porém ambos vêm de famílias com históricos políticos bem diferentes. Ele é filho de um importante membro do Partido Comunista; já ela precisa se desdobrar para recuperar a honra de sua família, pois seu pai é um preso político por ser 'de direita'. Porém, não será fácil 'manter-se na linha' à medida que a paixão entre os dois aumenta, já que Sun sempre está por perto, não apenas para namorá-la, mas para ajudá-la em muitos aspectos (no trabalho, financeiramente…). Porém, para uma jovem 'direita', ser vista com um rapaz não era adequado, o que pode prejudicar Jing em seu intuito de recuperar o nome de sua família.

A grande 'sacada' de Yimou é a maneira como ele constrói o romance entre os dois jovens, através de pequenas sutilezas, como um tocar de mãos ou o 'empréstimo' de um casaco. São esses detalhes que fazem o relacionamento (jamais declarado) entre eles soar tão autêntico e sensível ao mesmo tempo. Ficamos torcendo para que eles consigam vencer as barreiras impostas pela sociedade para que terminem juntos, porque acreditamos na sinceridade daquele sentimento. É realmente muito bonito.

O cineasta ainda confere um tom literário ao seu romance, incluindo, de tempos em tempos, cartelas que não só denotam a passagem de tempo, mas que também trazem escritas ações, e principalmente, sentimentos dos protagonistas. Tal recurso funciona muito bem tanto para as elipses temporais, como para dar um tom mais épico à narrativa.

Apostando sua força na atuação de seus jovens protagonistas, o cineasta chinês não erra, já que os dois jovens atores fazem composições bastante verdadeiras de seus personagens. Ancorados sobretudo na ingenuidade, o relacionamento entre os dois tem sua força na química que se estabelece entre o casal. Zhou Dongyu e Dou Shawn transmitem tamanha naturalidade que um simples e longo plano fechado em seus rostos durante um encontro num lago, transmite toda a ansiedade e força que a proximidade entre eles causa em ambos. E não é preciso nenhum contato físico entre eles para que se estabeleça toda a tensão e o desejo que sentem um pelo outro.

Enfim, como falei, o filme é um melodrama, e como tal, emprega sua força na dor e nos obstáculos para a felicidade de seus protagonistas. E Zhang Yimou é mestre em conduzir esse tipo de história sem transformá-la em um drama meloso e aborrecido. Provando que o cineasta chinês ainda mostra a mesma sensibilidade e competência que o transformou em um dos maiores cineastas da atualidade.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


Um comentário:

OMG disse...

o problema e ter onde sacar o filme e as legendas