segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Contra o Tempo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Contra o Tempo (Source Code, 2011)

Estreia oficial: 1º de abril de 2011
Estreia no Brasil: 30 de setembro de 2011
IMDb



"Contra o Tempo" é um eficiente filme de viagem no tempo. Sua estrutura circular é bem construída (algo imprescindível em um filme do gênero) e ajuda na construção e identificação com o protagonista. E o melhor: a interessante trama de ficção científica apenas serve de fundo para que o herói mergulhe em uma 'viagem' de auto-descobrimento, cruzando com personagens complexos e bem construídos ao longo de sua jornada.

Escrito por Ben Ripley, o roteiro não perde tempo apresentando personagens, já coloca o espectador (e o protagonista) dentro da trama, aumentando assim a identificação do espectador com o protagonista, já que a confusão de um espelha-se na do outro. Além disso, esse fato também transforma os diálogos explicativos entre o Capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) e a oficial Goodwin (Vera Farmiga), não só 'desculpáveis' narrativamente, mas altamente justificáveis.

Devo dizer que a estrutura circular do longa dirigido por Duncan Jones foi o que mais me agradou. Trazendo diferenças sutis a cada nova 'viagem' do protagonista, elas vão fazendo sentido dentro da trama e ajudando a nos apresentar a natureza do personagem. Mas, principalmente tornam uma narrativa, que na sua essência é simples, em algo mais intrincado e detalhista. Ainda que o final feliz (que os estadunidenses insistem em colocar em suas produções) soe um tanto quanto forçado (mas afinal, é um filme de ficção científica, e não se pode exigir verosimilhança com o mundo real se dentro da própria lógica da história ela acontecer - e acontece!).

Mas o filme funciona porque o elenco funciona bem. Jake Gyllenhaal comprova seu imenso carisma e talento, e transmite com eficiência a crescente angústia do personagem, assim como seu crescimento pessoal na sua jornada. E os detalhes da sua composição convencem-nos de que ele realmente é um militar (desde sua postura até o modo como aborda as pessoas). Junto com ele, Michelle Monaghan estabele uma ótima química, e que nos faz acreditar que aquela mulher inspiraria e daria uma maior motivação à Stevens. Já Vera Farmiga consegue transformar sua personagem em uma ser humano complexo, e que forma um contraponto importante ao frio e calculista cientista interpretado por Jeffrey Wright.

Duncan Jones consegue imprimir ao filme um ritmo acelerado, deixando sempre claro que o tempo (ou a falta dele) é um elemento primordial para a história. Além de não desperdiçar tempo com planos desnecessários - todos os elementos mostrados desde o início do longa terão sua importância reveladas no decorrer da história. Assim, juntamente com seu montador, Paul Hirsch, o diretor conseguiu um filme ágil e que jamais se torna repetitivo, por mais que revejamos a mesma cena diversas vezes.

Contando ainda com uma belíssima cena em seu final, "Contra o Tempo" não é só diversão com conteúdo; mas um excelente exemplar de ficção científica.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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