quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Eterno Amor

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Eterno Amor (Un Long Dimanche de Fiançailles, 2004)

Estreia oficial: 27 de outubro de 2004
Estreia no Brasil: 25 de fevereiro de 2005
IMDb



"Eterno Amor", segunda parceria entre o diretor Jean-Pierre Jeunet e a atriz Audrey Tautou, é um belíssimo tratado sobre a força do amor.

Ambientado durante a Primeira Guerra Mundial, o roteiro de Jeunet e Guillaume Laurant (que já haviam trabalhado juntos em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" e "Ladrão de Sonhos"), adaptado a partir de um livro de Sébastien Japrisot, conta a história de Mathilde, uma órfã criada pelos tios e deixada manca graças à poliomielite que teve na infância, e seu amor por Manech (Gaspar Ulliel). Os dois amam-se desde crianças; e, já adultos e noivos, vêem seu relacionamento interrompido quando Manech é convocado à Guerra. Três anos depois, Manech é dado como morto, mas como Mathilde não acredita nisso, parte em uma busca sem limites afim de encontrá-lo.

Utilizando-se de uma estrutura narrativa semelhante à utilizada em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", Jeunet e Laurant utilizam-se da narração em off para apresentar seus principais personagens; reutilizando também o recurso de flashbacks para explicar fatos importantes das suas vidas. Porém, a história torna-se mais confusa do que precisaria ser devido às idas e vindas do roteiro e à enorme quantidade de personagens. Mas, à medida que o filme vai avançando, vamos nos familiarizando com nomes e personagens e as peças vão se encaixando.

Aficcionado pela plasticidade de suas imagens, Jean-Pierre Jeunet, juntamente com seu diretor de fotografia Bruno Delbonnel (responsável pelas fotografias igualmente belas de filmes como "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", "Across the Universe" e "Harry Potter e o Enigma do Príncipe"), criam cenas de tirar o fôlego pela sua beleza. Apostando nas cores que marcaram (e marcam) sua cinematografia, Jeunet aposta, aqui, nos tons mais amarelados, sem deixar de lado o verde e o vermelho. Nas cenas da busca de Mathilde, impera o amarelo; nas cenas da guerra, é o verde que predomina. E, em todos os momentos, o contraste entre luzes e sombras é bastante acentuado, criando uma fotografia bem contrastada.

Ainda "ajudado" por belíssimas locações, o longa traz planos deslumbrantes, como o momento em que um dos soldados é convocado para juntar-se ao exército francês em meio à sua plantação, e uma jarrada de vento 'balança' a grama; ou quando Mathilde visita um ex-combatente num hospital vazio e deprimente, mas que mantém uma beleza estrutural em seu arcos arquitetônicos; ou as cenas que acontecem no front, entre as trincheiras alemãs e francesas, que destacam-se pela sua dura violência.

A direção de arte (ou design de produção) é outro ponto mais do que positivo do filme, com seus belos cenários e figurinos que recriam época ao mesmo tempo em que corroboram com as cores do longa, tendo o cuidado com os mínimos detalhes, com os menores dos objetos de cena.

O elenco 'de primeira' encabeçado por Tautou, e que, além do já citado Gaspard Ulliel, ainda conta com Dominique Pinon (habitual colaborador e 'ator-marca' de Jeunet), André Dussollier, Marion Cotillard, Jodie Foster, Ticky Holgado, Jean-Claude Dreyfus e Albert Dupontel, dá força e credibilidade aos personagens. Audrey Tautou empresta sua doçura e fragilidade habituais a Mathilde, e compõe uma protagonista cativante que, se por um lado mostra-se tão frágil (e seu problema na perna é a marca disso); ao mesmo tempo demonstra que é capaz de enfrentar a todos (inclusive o exército francês) quando vê seu sentimento mais profundo, o amor por Manech, ser ameaçado.

Potencializado por um final comovente e lírico, a história de Mathilde e Manech vale a pena ser vista, e comprova que Jean-Pierre Jeunet é um esteta cinematográfico, um 'pintor' das telas de cinema, que usa (e abusa) das cores para potencializar os sentimentos e emoções das suas histórias.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


3 comentários:

Rafael W. disse...

Nossa, eu AMO essa drama romântico. É cativante, lindo de doer.

http://cinelupinha.blogspot.com/

Ana P. Picolli disse...

Mel, esse filme é liiiindo. Junto com Amélie é um dos meus favoritos, de cabeceira...hehehehe...beijo!

CinemaComMel disse...

Sim, é lindo! E adoro o Jeunet... Nenhum filme dele é ruim. Mas esse posso dizer que é um dos meus favoritos.
Bjão, Mel