domingo, 26 de junho de 2011

Tokyo!

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Tokyo! (Tokyo!, 2008)

Estreia oficial: 16 de agosto de 2008
Estreia no Brasil: 13 de novembro de 2009
IMDb



"Tokyo!" vem na onda dos filmes que tendem a homenagear as cidades-título. Aqui, a ideia era que três diretores (não japoneses) tecessem suas impressões sobre a capital japonesa. Michael Gondry, Leos Carax e Joon-Ho Bong mostram episódios que, por mais dissonantes que possam parecer, acabam mostrando o quão hipócrita, incompreensiva ou opressiva é a sociedade moderna.

Em "Interior Design", conseguimos ver a marca de seu realizador, Michel Gondry. Uma história com ares realistas mas que acaba mostrando-se uma fábula fantasiosa, com uma sutil crítica à sociedade. E a objetificação da personagem é uma clara alegoria daquilo que acontece aos habitantes das grandes metrópoles.

No segmento "Merde", de Carax, um monstro que habita os esgotos da capital nipônica começa a aterrorizar a população quando vai à superfície. Certamente, dos três médias-metragens, é o mais escancaradamente crítico. Carax não poupa "meias-palavras" para alfinetar o abuso das tecnologias (afinal, o Japão é o berço de todos os avanços nesta área), a antiga relação do país com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, a corrupção do governo... São críticas e mais críticas, desde estas mais escancaradas às mais sutis, relacionadas ao comportamento humano. O personagem Merde, brilhantemente interpretado por Denis Lavant, é um monstro, uma ameaça, mas, simultaneamente, uma cria da própria sociedade.

O último episódio, o mais intimista, "Shaking Tokio", de Bong, conta a história de um hikikomori, designação para um fenômeno social moderno no qual as pessoas isolam-se em suas casas, evitando qualquer relação com outros seres humanos. A sensibilidade do diretor e a belíssima fotografia fazem deste o segmento mais 'palatável' dentre os três. Os silêncios orquestrados por Bong dizem bem mais do que seus diálogos, e a atuação contida de Teruyuki Kagawa é perfeita.

Enfim, "Tokyo!" é uma mistura de estilos de três diretores que olham com um olhar mais crítico do que condescendente, não para a capital japonesa propriamente dita, mas para a sociedade moderna captalista. Porém, sem perder a sensibilidade e a poesia jamais!

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


   

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