terça-feira, 14 de junho de 2011

Edifício Master

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Edifício Master (2002)

Estreia oficial | no Brasil: 22 de novembro de 2002
IMDb



Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Eduardo Coutinho é o maior documentarista da história do cinema brasileiro. Senão o melhor, certamente é aquele com a obra mais (merecidamente) reconhecida. Esse "Edifício Master" é apenas um dos seus ótimos filmes, que também incluem "Cabra Marcado Para Morrer" (1985), "Babilônia 2000" (1999), "Santo Forte" (2002), "Peões" (2004), "O Fim e o Princípio" (2006) e "Jogo de Cena" (2007). De todos eles, “Edifício Master” é mesmo o meu favorito.

Durante a realização deste documentário, Coutinho e sua equipe passaram uma semana entrevistando e filmando o cotidiano de moradores do tal edifício do título, um prédio de 12 andares e 23 apartamentos por andar (que totaliza 276 apartamentos!), onde moram aproximadamente 500 pessoas. Trinta e sete delas contam suas histórias para as câmeras do documentarista.

Dessa seleção de entrevistados, constroi-se um fascinante mosaico de personalidades que não só resumem a própria sociedade brasileira, como também mostram a extrema sensibilidade e humanismo do realizador.

Coutinho é hábil em, primeiro, mostrar depoimentos que dão um panorama geral do prédio e do seu passado, ambientando assim, o espectador tanto geograficamente quanto politicamente dentro desse microcosmo de Copacabana que é o Edifício Master. São depoimentos como o do síndico do prédio (Sérgio), um personagem ímpar, responsável pela melhor frase do longa: “eu uso muito Piaget, mas quando não dá, apelo pro Pinochet”.

São entre depoimentos desses personagens e cenas dos corredores do edifício que a montagem vai dando ritmo à narrativa. E os depoimentos mais gerais vão cedendo espaço para aqueles mais particulares, e assim, Coutinho vai do plano geral para o mais fechado, mais particular, com uma enorme diversidade de personalidades que relatam suas tão desiguais experiências e impressões.

Dessa forma, o cineasta vai tecendo a identificação do espectador com seus entrevistados. Alguns relatos mais felizes e esperançosos, outros totalmente desiludidos com a violência e com a vida. Uns fazem rir; outros, chorar. Todas histórias emocionantes, de personagens reais da vida real.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski



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