terça-feira, 31 de maio de 2011

O Solteirão

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Solteirão, O (Greenberg, 2010)

Estreia oficial: 1 de abril de 2010
Estreia no Brasil: lançado diretamente em DVD
IMDb



Neste "Greenberg" (ou "O Solteirão", na terrível tradução do título no Brasil), Noah Baumbach, que já tinha mostrado todo seu talento em produzir ácidos dramas em "A Lula e a Baleia" (2005) e "Margot e o Casamento" (2007), volta a impressionar.

Talvez o maior choque seja ver Ben Stiller interpretando um sujeito deprimido, insatisfeito e totalmente perdido na vida. Não é uma comédia. Não há caretas nem piadas. Stiller mostra que também é capaz de encarar um roteiro com um grande peso dramático de cabeça erguida. Ou não tão erguida assim, já que a própria composição física do personagem revela sua personalidade, sempre cabisbaixo, meio encurvado, andando sempre a olhar para baixo, Stiller já nos demonstra que o seu Greenberg é uma pessoa um pouco esquisita, com problemas de relacionamento, e um tanto introspectiva.

E o filme é o personagem. Ele é a sua alma, sua essência. Assim como o relacionamento de Greenberg com a jovem Florence (Greta Gerwig). Uma jovem que pode ainda ter toda uma vida pela frente, mas que, no período em que a história do filme se desenrola, parece estar tão enclausurada neste mundo deprimido e repleto de frustrações que o personagem-título criou para ele mesmo e parece, de certa forma, influenciar as pessoas mais próximas a ele. Assim como acontece com Ivan (o ótimo Rhys Ifans), que parece ter construído sua vida em cima de sua própria frustração, também causada pela influência direta de Greenberg.

Assim, enquanto os personagens vão se auto-descobrindo e revelando suas ambições (ou a falta delas) em meio ao cotidiano de uma sociedade de classe média de Los Angeles, os espectadores também vão, aos poucos, conhecendo-os melhor. E, se a identificação do público não é imediata com esses depressivos personagens, isso não é à toa, já que Noah Baumbach parece estar mais interessado em chamar a atenção para o drama intimista dos personagens do que fazer com que o espectador saia feliz ou realizado depois de assistir ao filme. E, por mais que o espectador possa não suportar o personagem de Stiller, também é impossível não sentir empatia por ele.

Claro que "O Solteirão" não vai agradar ao público em geral. É um filme deprimente, com personagens sem um propósito na vida. Mas, se você conseguir se desvencilhar do comodismo intelectual que os filmes "padronizados" (ou seja, a maioria dos filmes hollywoodianos) tendem a colocar o público, conseguirá ver a beleza inerente ao filme de Noah Baumbach.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


Um comentário:

Rafael W. disse...

Eu gosto do Noah Baunbach, mas achei esse film chato pacas.

http://cinelupinha.blogspot.com/