quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um Homem que Grita

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Homem que Grita, Um (Un Homme Qui Crie, 2010)

Estreia oficial: 23 de setembro de 2010
Estreia no Brasil: 19 de novembro de 2010
IMDb



"Um Homem que Grita" retrata o cotidiano de Adam (Youssouf Djaoro), um salva-vidas que trabalha em um hotel na capital do Chade, N'Djamena. Quando o hotel é comprado por chineses, em plena crise econômica e em meio a uma guerra civil, a ameaça de desemprego paira sobre os funcionários. Para não ser demitido, Adam é relocado para trabalhar como porteiro do estacionamento do hotel, deixando o cargo de salva-vidas que tanto ama para o seu filho, Abdel (Dioucounda Koma).

Quando o exército cobra de Adam a cessão de seu filho para combater na linha de frente, Adam vê a possibilidade de retomar seu antigo posto na piscina, e assim, abre mão da liberdade de escolha do próprio filho. Uma decisão difícil que mudará para sempre suas - já tão duras - vidas.

O diretor Mahamat-Saleh Haroun trabalha com sensibilidade a história, optando por uma estética crua e um ritmo bastante lento. Os longos planos sequência que dominam o filme servem para que nós, espectadores, possamos vivenciar um pouco a experiência dos próprios personagens frente àquela vida de pobreza e guerras.

Também há pouco uso de trilha sonora, o que deixa o filme com um ar quase documental, aproximando ainda mais o espectador daquela realidade.

O belíssimo plano final, quando Adam finalmente compreende as consequências dos seus atos, é coroado por uma mudança na belíssima fotografia de Laurent Brunet, deixando o filme com tons mais coloridos, como uma revelação final, bela e trágica, do personagem principal.

Enfim, não foi à toa que "Um Homem que Grita" recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes 2010. É realmente um filme contundente e emocionante.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski


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