terça-feira, 5 de abril de 2011

Matar ou Correr

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.
Matar ou Correr (1954)

IMDb



"Matar ou Correr" é uma das mais famosas chanchadas da Atlântida, estúdio brasileiro que foi criado em 1941 e teve como maior expoente as comédias escrachadas, as famosas chanchadas.

O gênero foi a marca registrada do estúdio, que tentava implantar no Brasil um sistema parecido com o adotado em Hollywood, onde os estúdios, além de serem responsabilizados pela produção, distribuição e exibição dos filmes, também apostava no star system, onde os atores eram contratados do estúdio e só trabalhavam em suas produções.

As maiores estrelas das chanchadas da Atlântida foram Oscarito e Grande Otelo, a dupla que trabalhou pela primeira vez para o estúdio em 1944, no longa "Tristezas Não Pagam Dívidas", fez , dentro da Atlântida, 12 filmes juntos, e um anteriormente - "Noites Cariocas" (1936). "Matar ou Correr" é um dos seus filmes mais famosos, e é dirigido por Carlos Manga, diretor que estreou na Atlântida e foi quem trouxe as sátiras de grandes sucessos estadunidenses para dentro do estúdio carioca.

"Matar ou Correr" foi um dos maiores sucessos de Manga, e faz uma paródia clara a "Matar ou Morrer" (1952), de Fred Zinnemann e que traz Gary Cooper como protagonista. Na paródia nacional, Oscarito e Grande Otelo são, respectivamente, Kid Bolha e Ciscocada, e que, acidentalmente, vão parar em Citydown, um cidadezinha do oeste que é aterrorizada pelas maldades de Jesse Gordon (José Lewgoy, um dos maiores vilões da Atlântida). Por acaso, a dupla de vigaristas de bom coração acaba nocauteando o pistoleiro, e Kid Bolha é nomeado pela população como o novo xerife da cidade. E, quando o vilão consegue fugir da prisão, os problemas do xerife começam a aparecer, já que Gordon resolve se vingar. O filme ainda conta com um jovem John Herbert como o mocinho do filme, um agente federal que vem para a cidade atrás do vilão.

A história é boba e ingênua (como a maioria das chanchadas), mas na época era o cinema de melhor qualidade técnica realizado no Brasil.

Oscarito e Grande Otelo são impagáveis, com suas piadas e gags visuais que até hoje são imitadas pelos comediantes das TVs. É engraçado ver como um ramo do audiovisual nacional não evoluiu em suas piadas, apenas ficou mais sensual (ou sexual).

O trabalho de arte também merece destaque, com os grandes cenários criados pela Atlântida, e os figurinos caprichosos.

Hoje, é claro, o ritmo do filme não agradará a todos, mas, para quem se interessa pela história do cinema (sobretudo do cinema nacional), é um filme obrigatório. E ver Oscarito no auge da carreira é sempre divertido.


por Melissa Lipinski

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