segunda-feira, 14 de março de 2011

Enterrado Vivo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Enterrado Vivo (Buried, 2010)

Estreia oficial: 29 de setembro de 2010
Estreia no Brasil: 10 de dezembro de 2010
IMDb



"Enterrado Vivo" poderia ter dado muito certo. Um ideia original e interessante comandada por um promissor diretor espanhol, Rodrigo Cortés. Mas, infelizmente, parou por aí.

Ryan Reynolds é o motorista de caminhão Paul Conroy, que é, como diz o título, enterrado vido depois que o seu comboio é atacado, quando numa missão de ajuda no Iraque. Quando encontramos o personagem, ele já está dentro de um caixote de madeira, sob a terra; junto com ele, apenas um celular (que milagrosamente tem sinal), uma lanterna, um iluminador, uma garrafinha com alguma bebida alcoólica e um isqueiro.

A história é contada quase em tempo real, e permanece o tempo todo com Paul dentro do caixão. Não há nenhum recurso como flashbacks, ilusões ou sonhos. Durante os 95 minutos do filme permanecemos dentro do caixão.

Sim, a trama é claustrofóbica e, em vários momentos, angustiante. Mas é só, pois os diálogos não convencem, de tão inverossímeis. As autoridades ficarem impassíveis frente ao desespero de Paul é até compreensível, mas acreditar que parentes e amigos, ao ouvirem a voz desesperada do sujeito não tentariam, eles também, mover céus e terra para ajudá-lo, é algo que não dá pra engolir.

Ryan Reynolds também não ajuda muito, já que jamais conseguimos sentir o real medo e desespero que toma conta do sujeito. As situações mais desesperadoras são pontuadas sempre com a ajuda da trilha sonora que, diga-se de passagem, também acaba irritando a certa altura.

Até as críticas aos Estados Unidos são aquelas que todos já estão carecas de emitir. Porém, o filme é contraditório nesse ponto já que não se priva de colocar os iraquianos no papel de 'malvados'. Em certo ponto, chegam a falar que o tal sequestrador não é um terrorista, e sim um cara 'comum' querendo sua justiça pessoal contra o poderoso 'Tio Sam'. Isso não é colocar iraquianos e estadunidenses sob o prisma dos próprios 'yankees'?

Enfim, depois dos 30 minutos iniciais, você já está cansado das ações, pois a uma hora restante é só uma repetição incansável do que já foi visto até então.

No fim o que deu mais raiva não foi a maldade dos sequestradores iraquianos, nem o descaso das autoridades estadunidenses, mas sim ver que o celular de Paul funciona 90% do tempo, com sinal alto e claro... E o meu, mesmo em cima da terra, vive com o sinal falhando!!!


por Melissa Lipinski


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