domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lixo Extraordinário

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Lixo Extraordinário (Waste Land, 2010)

Estreia oficial: 24 de janeiro de 2010
Estreia no Brasil: 21 de janeiro de 2011
IMDb



Vik Muniz é, atualmente, talvez o artista plástico brasileiro de maior expressão internacional. Há anos ele é conhecido pelo trabalho que faz transformando lixo em arte. Mas, mesmo conhecendo o seu trabalho, é impressionante o efeito alcançado por este "Lixo Extraordinário", ao mostrar seu processo criativo e seu projeto para trabalhar no Jardim Gramacho (o maior aterro sanitário do mundo), com a ajuda de alguns dos catadores de material reciclável que lá trabalham.

Ao entrar "no mundo" dos catadores, tudo impressiona. A quantidade de lixo, o número de pessoas que trabalham lá, a força de vontade de algumas delas, e, principalmente, a felicidade com que aquelas pessoas parecem ter, mesmo trabalhando ali, em meio à sujeira e ao mau cheiro.

E os personagens escolhidos por Vik Muniz para ajudá-lo em sua obra, e que se tornam os protagonistas do documentário, são pessoas interessantíssimas. É incrível ver Tião, por exemplo, o líder do sindicato dos catadores, discutindo Maquiavel. Ou um senhor de idade que trabalha catando lixo há mais de 20 anos e que tem pensamentos de extrema importância com relação a conscientizar as pessoas a reciclarem o lixo.

Mas, para mim, o mais extraordinário do filme, é o projeto de Vik Muniz. Até mais da metade do filme, ainda nós espectadores (assim como os trabalhadores do Jardim Gramacho) não temos noção do tamanho da obra que Muniz pretendia realizar. E, quando finalmente, conseguimos vê-la pela primeira vez, o efeito é emocionante. Não só pela beleza da obra em si (o que já seria suficiente). Mas porque naquele instante, tomamos consciência de que seu projeto mudará a vida de todos os seus participantes.

E a felicidade que os co-autores das obras sentem ao vê-las é algo que vai ficar na minha memória por muito tempo. Marcante. Não tem como não se emocionar com a reação de cada um deles ao receber uma cópia do quadro que contém a sua própria imagem. Como ficar indiferente ao ouvir a Irmã falar que foi através daquele quadro que ela "ficou famosa no mundo inteiro"? E assim, tanto catadores quanto espectadores descobrem que o projeto mudará a vida deles para sempre.

E é bom ver que os realizadores desse documentário tinham essa preocupação. Vê-los discutindo sobre como afetarão a vida dessas pessoas e o que podem fazer para ajudá-las dá o toque de importância social que o documentário carrega. O que Vik Muniz (e imagino que o restante dos realizadores também) não imaginava é que essas pessoas (e o projeto) iria mudar profundamente também a sua vida.

Finalmente, a diretora Lucy Walker (co-dirigida pelo brasileiro João Jardim) juntamente com seu diretor de fotografia, Dudu Miranda, captam imagens de incrível beleza dentro de um local que só nos evoca sujeira. Incrível.

Enfim, o documentário é tocante e impressionante. Basta dizer que só as fotografias que Vik Muniz tira dos catadores de material reciclável já são belíssimas. O que falar então das obras feitas sobre essas imagens com o 'lixo'?

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Não sei como descrever o que gostei no documentário. Achei muito interessante nos ser apresentado à proposta inicial de Vik Muniz e Fábio, e como eles a alteram bastante quando se deparam com as pessoas do Jardim Gramacho. Antes pensavam ser pessoas que estão nesta situação e seriam infelizes, mas perceberam que as pessoas são felizes. São felizes mesmo estando em um lixão, separando lixo que a população enviou misturado. Incrível.

Recomendo também assistir ao documentário "Estamira" (2004), de Marcos Prado. Muito bom também e nos revela uma senhora que vive em um lixão e não vê nenhum motivo para sair de lá.

Ambos são muito bons. Espero que este "Lixo Extraordinário" tenha sucesso também no Oscar 2011, no qual está concorrendo.


por Oscar
R. Júnior


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