sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A Rede Social

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Rede Social, A (The Social Network, 2010)

Estreia Oficial: 01 de outubro de 2010
Estreia no Brasil: 03 de dezembro de 2010



Falar que esse "A Rede Social" é o filme 'do Facebook' chega a ser um desrespeito ao próprio filme. Ele é muito mais do que isso. Bom, o Facebook todo mundo sabe o que é, todo mundo usa, não precisa introduções. Como ele surgiu também não é o principal aqui. Mas sim o seu criador. É muito mais sobre a pessoa de Mark Zuckerberg e seus relacionamentos - ou incapacidade de mantê-los - que trata o longa.

Interessante notar que Zuckerberg, dono de uma inteligência racional e de um raciocínio matemático muito acima do normal, possui uma inteligência emocional inversamente proporcional, não conseguindo qualquer nível de amizade ou relacionamento com outro ser humano. Sua incapacidade de falar palavras polidas ou corteses é latente. O traquejo social que todos nós temos - ou que a grande maioria tem - de, às vezes, não ser totalmente sincero em sua opinião para não machucar os sentimentos alheios, é uma coisa inexistente no protagonista. E é esse paradoxo que torna o personagem tão interessante.

O raciocínio rápido, a inteligência superior e a incapacidade de se relacionar são arremessados na cara do espectador logo na primeira sequência do longa, quando, conversando em um pub com a namorada, Zuckerberg é capaz de falar sobre mais de um assunto ao mesmo tempo, em uma velocidade de deixar qualquer um tonto, ao mesmo tempo em que é incapaz de dar dois segundos de atenção à namorada que, justamente, sente-se magoada pela crueldade das palavras que o companheiro desfere (mesmo que este pareça incapaz de perceber o quão ferino está sendo).

Apesar da sua incapacidade de se relacionar, Zuckerberg possui uma perceptividade muito grande, e rapidamente consegue ver para que caminho os outros estão levando determinadas conversas, cortando-os com sarcasmo e grosseria, que vêm do seu aparente menosprezo pela inteligência e raciocínio da maioria das pessoas. Porque sim, ele possui um ego e uma necessidade de se auto-afirmar diretamente proporcional à sua inteligência - gigantescos!

Falando nisso, devo ressaltar que Jesse Eisenberg interpreta o protagonista de maneira magistral, evidenciando seu comportamento e elevado QI através de fala rápidas e uma chamativa inexpressividade. Em contraponto a ele, seu melhor amigo e co-fundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin é interpretado por Andrew Garfield de maneira carismática e acolhedora. Já Justin Timberlake, surge como o interesseiro e esbanjador Sean Parker, o criador do Napster e que, logo, torna-se sócio do Facebook, manipulando Zuckerberg. Timberlake oferece uma ótima atuação aqui. Fechando o elenco, Armie Hammer encarna os gêmeos Winklevoss, personagens tão cheios de nuances e tridimensionais que, mesmo estando na trama como antagonistas diretos de Zuckenberg, fica impossível vê-los como tais, tamanho o carisma dos irmãos.

Com personagens tão intrigantes, o roteirista Aaron Sorkin cria uma história pra lá de interessante (com diálogos rápidos, engraçados e repletos de referências), estruturada ao redor dos processos movidos por Saverin e pelos gêmeos contra Zuckerberg, ao mesmo tempo em que vai mostrando como a ideia da criação do Facebook foi tornando-se realidade. E é muito interessante ver coisas tão corriqueiras para nós atualmente, como certos termos da rede social, sendo desenvolvidas.

David Fincher (que já não mais precisa provar seu talento) mostra-se bem mais eficiente do que em seu último trabalho "O Curioso Caso de Benjamin Button", criando um bom ritmo da narrativa, já que o filme passa muito rápido, tamanha a eficiência da direção. Aliado à isso, a fotografia é acertadíssima, apostando em ambientes sempre frios e monocromáticos, com exceção à cena que se passa na Inglaterra, que, contrapondo-se ao universo de Zuckerberg, mostra-se cheia de cores mais vivas.

Interessante notar que o Mark Zuckerberg mostrado em "A Rede Social" tem um quê de Charles Foster Kane ("Cidadão Kane", 1941), além de criar um império da comunicação (guardadas as carcaterísticas inerentes a cada um e à cada época), são homens que não conseguiam se expressar da maneira convencional, mas que, ironicamente, ligavam um número gigantesco de pessoas.

O melhor do filme de Fincher é que ele nunca tenta tirar a culpa das ações de Zuckerberg, ou explicar o porquê de ele ter agido (ou roubado ideias, ou traído o amigo, como queiram) da maneira como o fez. E é aí que o filme ganha excessiva força.

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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O filme já começa numa cena de tirar o fôlego. Não por ser agitada, e sim pela rapidez e complexidade do diálogo entre Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) e Erica Albright (Rooney Mara).

O elenco está ótimo e rende personagens complexos e bem encenados. Destaco o Justin Timberlake que me surpreende cada vez mais quando atua. E o grande destaque do filme é Jesse Eisenberg que obviamente rouba a cena pra ele.

A trilha sonora do filme é muito bem construída assim como a montagem. Na verdade, a montagem é sensacional pois centra o filme no criador, e não na criação do Facebook, montando em paralelo a briga judicial e o crescimento da rede social.

Por fim, destaco também a forma de retratar esse universo de quem monta sites, com seus cálculos estranhos para todo o resto da população. O filme, mesmo tendo várias vezes esse linguajar técnico, consegue ser muito abrangente no entendimento.

Recomendo !


por Oscar R. Júnior


 

Um comentário:

eversondurden disse...

Assino embaixo o comentario de vcs