quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Livro de Eli

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Livro de Eli, O (The Book of Eli, 2010)

Estreia Oficial: 11 de janeiro de 2010
Estreia no Brasil: 19 de março de 2010
IMDb



“O Livro de Eli” tenta ser, sem sucesso, o “Mad Max” dos anos 2000...

Porém, ao contrário do longa dos anos 80, este filme baseia-se em premissas erradas e sem fundamentos. Aliás, o filme é uma sucessão de escolhas erradas... que começam no roteiro. Não que ele seja de todo ruim, mas, no geral, o resultado é fraco.

Pra começar, o roteiro. Como em “A Estrada”, a história se passa em um futuro pós-apocalíptico, sem que precise explicar exatamente o que aconteceu para o mundo ficar da maneira como o vemos (o que é um ponto positivo). Assim, Eli (Denzel Washington) vaga pelas estradas desoladas rumo ao Oeste, levando o tal livro do título, que logo se descobre ser a última Bíblia da face da Terra. Eli também é um exímio lutador, que luta pela sua sobrevivência em um mundo onde muitos tornaram-se canibais (de novo como em “A Estrada”). A peculiaridade é que esses canibais apresentam um tremor nas mãos (what?!?). Assim, seguindo sua jornada, Eli pára em uma cidadezinha (claramente inspirada em filmes de western), onde conhece o vilão - Carnegie (Gary Oldman), um homem que acredita que precisa da tal Bíblia para tornar-se o 'todo poderoso' do mundo, visto que, com ela, terá uma porção de seguidores (what?!?). Ah sim! Eli conhece a mocinha, escrava de Carnegie, Solara (Mila Kunis), que o seguirá em sua jornada ao Oeste. Entretanto ambos enfrentarão o ‘terrível’ Carnegie e sua ira antes de isso acontecer (!!). Ah claro, não mencionei que o protagonista faz tudo isso pois foi orientado por uma misteriosa voz que falou o que ele deveria fazer (de novo, what?!?).

Ai, ai. Juntando western com cristianismo barato, a história se baseia em conceitos perigosos, já que leva a crer que, sem religião - ou melhor, sem a religião cristã - o mundo tornar-se-ia um local extremamente violento... O caos completo, e só a Bíblia poderia trazer a paz e a tranquilidade (??) novamente à espécie humana.

O filme também retrata os personagens de maneira bastante rasa, o que é uma pena, pois acredito que personagens mais bem construídos poderiam ter elevado a qualidade do filme. O vilão Carnegie, por exemplo: por mais que Gary Oldman tenha uma atuação correta, não pode fazer muito, já que o roteiro não ajuda. Quando o conhecemos, temos a impressão de estarmos vendo um personagem interessante, já que, sendo um dos últimos homens letrados do planeta, o vemos lendo uma biografia de Mussolini, para logo em seguida, o vermos queimando vários livros. Porém, a complexidade do personagem pára por aí, pois a partir disso, o que o move é apenas a busca incansável pela Bíblia, realizando várias maldades pelo caminho, é claro... Ou seja, um bom personagem em potencial jogado no lixo...

Encabeçando o elenco, Denzel Washington, que sempre é competente, também nada pode fazer por seu protagonista. A única coisa que posso dizer é que as lutas que ele protagoniza são bastante elegantes e gráficas, mas não é um crédito que se possa dar apenas ao ator. Há também Mila Kunis, como a mocinha, que, de maneira oposta a Washington e Oldman, mostra grande inexpressividade na tela.

Chama a atenção o figurino das personagens femininas, pois, por mais caótico que o mundo possa estar, elas parecem estar sempre vestindo roupas ‘da moda’, principalmente a personagem de Kunis. Aqui abro um parênteses apenas para citar uma curiosidade: a atriz que interpreta a mãe de Mila Kunis - ambas escravas do vilão - é Jennifer Beals, imortalizada pelo seu único papel de destaque: a protagonista de “Flashdance”.

Mas enfim, pra não dizer que tudo é ruim, gostei bastante da estética do filme, com suas cores monocromáticas e sua estética dessaturada, puxando tudo para o sépia. Outro ponto positivo é a coreografia das lutas, como já falei, elegantes, sem precisar apelar para uma edição frenética.

Para coroar, como todo ‘bom cinemão’ estadunidense, o filme tem um final que explica tudo nos mínimos detalhes, como dizendo para os espectadores: “viu, é isso que o filme tinha para dizer, estamos mostrando, não precisam parar e pensar, já estamos fazendo isso por vocês”. Lamentável.


por Melissa Lipinski
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Ok, mais um filme de mundo catastrófico (o outro é "A Estrada").

Nesse aqui, temos o viajante solitário Eli (Denzel Washington) que carrega e proteje um livro. Para proteje-lo ele mata vários que tentam roubá-lo.

Já no inicio do filme ele luta com uns 6 que tentam roubá-lo. Ok, como está no início do filme até aceitamos que ele consiga vencer sem se machucar. O problema é que logo depois ele entra em uma briga num "bar" cheio de pessoas armadas. Eli luta somente com uma machete (espécie de facão) e mesmo assim derrota uns 15. Daí já abusaram da minha boa vontade como expectador. Mas vamos lá né, continuar o filme.

O que supera tudo é quando ele enfrenta todo um grande grupo de pessoas atirando contra ele e ele revidando do meio da rua, sem se abrigar atrás de nada. Só faltava abrir a camisa, bater no peito e metralhar tudo (como uma cena de "Trovão Tropical"). Dai caiu com tudo.

Para piorar o que ele tanto projete é uma Bíblia. E que Carnegie (Gary Oldman) tanto quer porque com ela, ele pode dominar o mundo. WTF? Como assim? Ele vai cirar uma seita num mundo pós apocaliptico? Sem noção.

Em resumo, os atores são bons, muito bons por sinal. A história é regular mas o roteiro é definitivamente fraco.


por Oscar R. Júnior


Um comentário:

Marinês Barboza disse...

Eu assisti e achei o filme bem interessante, mas concordo com vocês dois. Eli enfrenta tudo e todos sem se machucar e sem saber ao certo o porquê. Parte em uma missão apenas sustentado por uma voz. É meio estranho. Um curioso detalhe é que Denzel usa sempre um óculo escuro, que cheguei a pensar que ele também tinha ficado cego por conta da catástrofe que ocorreu. Catástrofe essa que fiquei curiosa para saber qual foi e como ocorreu. Mas seria mais um exagero do filme, Eli andando sem muleta, sem tropeçar e sem ajuda. Mas gostei da mensagem de que tudo começou e recomeçaria com a bíblia. Abração pra vocês