quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As Melhores Coisas do Mundo

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Melhores Coisas do Mundo, As (2010)

Estreia oficial | no Brasil: 16 de abril de 2010

IMdB



"As Melhores Coisas do Mundo", terceiro longa da diretora Laís Bodansky (os anteriores foram os ótimos "Bicho de Sete Cabeças" e "Chega de Saudade"), impressiona pela forma singela, emocionante e verdadeira com que retrata os adolescentes
brasileiros de classe média.

E isso porque, antes de se concentrar em situações, foca-se em personagens. E, na minha singela opinião, não há filme mais tocante do que aqueles centrados em ótimos, e bem construídos, personagens. Mais uma vez, a diretora acerta.

Tendo Mano (Francisco Miguez) como protagonista, o longa não fica apenas centrado nos dramas dos adolecentes, mas também aborda a relação com os pais e professores. E, como não poderia deixar de ser, já que trata do universo adolescente, as emoções são levadas ao extremo. Tudo parece ser a coisa mais importante do mundo, ou a última coisa do mundo... Uma briga parece ser o fim do mundo, a discussão com um amigo parece ser a pior de todas, o primeiro amor parece ser o melhor, a primeira transa parece ser a melhor de todas, e assim por diante.... Afinal, quem nunca se sentiu assim? Quem nunca foi adolescente?

O roteiro é exato, conciso e emocionante. A direção de Bodansky, segura. A edição, precisa. E as atuações são a alma do filme. Os experientes Zé Carlos Machado e Denise Fraga emocionam pela fragilidade de seus personagens. Caio Blat e Paulo Vilhena impressionam pela maturidade. Mas são os iniciantes quem chamam a atenção, principalmente Gabriela Rocha, pela doçura que confere à sua Carol, e Francisco Miguez, que segura o filme de ponta a ponta, com um carisma incrível. E, se o arco dramático de Fiuk (Pedro, irmão de Mano), pode parecer por vezes exagerado, é o retrato sensível de uma geração 'emo', mergulhada na depressão.

Mas o que chama a atenção, como diz uma mãe durante uma reunião do colégio, é que "as coisas mudaram muito nos últimos cinco, dez anos". E isso fica claro no filme. É uma geração que cresceu na internet, com seus blogs, e que possuem celulares e máquinas fotográficas/filmadoras desde sempre. Porém tudo isso é mostrado pela diretora com um olhar 'de dentro', ou seja, não há crítica nesse fato, apenas constatação de como a juventude de hoje se comporta. Não digo que o filme não é crítico. É. E bastante. Mas não ao fato de que a tecnologia possa ter contribuído para uma melhora ou piora na qualidade de vida dessa geração. Isso não vem ao caso. Não é o motivo do filme. É apenas uma constatação.

A diretora também consegue falar de assuntos delicados, como separação, preconceito, bullying e homossexualismo.

Enfim, Laís Bodansky (de quem viro cada vez mais fã) conquista todas as gerações com seu olhar sensível da juventude de hoje. Ainda mais quando seu protagonista toca "Something", dos Beatles... é de encher os olhos de lágrimas...

Fica a dica!


por Melissa Lipinski
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Este é um filme da Laís Bodansky, a mesma que dirigiu "Bicho de 7 Cabeças" e também "Chega de Saudade". Eu gostei muito de todos os filmes dela, até o primeiro curta dela ("Cartão Vermelho"), que tive a oportunidade de assistir na TV Cultura uma vez.

Admiro a forma de tratar e retratar os adolescentes nesse filme. Os personagens adultos são meros coadjuvantes. A trilha também gostei pacas. E obviamente, gostei das cenas de colégio - aquela confusão, muitos com celulares, máquinas fotográficas digitais e outros apetrechos eletrônicos que fazem parte do dia a dia dos jovens de hoje.

Preciso fazer esse adendo: não gosto do Paulo Vilhena como ator, muito menos como galã. Mas admito que ele funciona nos papeis em que trabalha com a Laís Bodansky. Nesse "As Melhores Coisas do Mundo" ele vive um professor de música e atua de forma competente. Já o Caio Blat, como um dos professores da escola, não achei tão legal assim. A Denise Fraga tá legal também. Mas todos são superados pelas atuações dos adolescentes.

Destaco por último que, apesar da temática adolescente, é um filme que abrange mais que esse público.


por Oscar R. Júnior

 


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