quarta-feira, 3 de março de 2010

A Teta Assustada

ATENÇÃO: O texto pode conter citações sobre o desenrolar do filme. Caso não tenha visto o filme ainda, tenha cuidado ou o leia após assisti-lo.

Teta Assustada, A (La Teta Asustada, 2009)

Estreia Oficial: 13 de fevereiro de 2009
Estreia no Brasil: 28 de agosto de 2009



A teta assustada, do título, é o nome popular de uma suposta doença, na qual os índios peruanos acreditam que o leite materno de mulheres que foram violentadas sexualmente pode transmitir todo o medo que a mãe sentia para sua filha. Assim, a protagonista Fausta (Magaly Solier) tem certeza que sua mãe lhe passou a tal doença, e cresce com medo da sociedade, o que a leva a colocar uma batata dentro da sua vagina para impedir que algo de ruim também lhe aconteça.


Fausta é a representação de uma cultura que remonta a um povo pré-colombiano. É também símbolo do terror que assolou o Peru nos anos 70 e 80, onde casos de estupros de mulheres indígenas eram corriqueiros (período do terrorismo).

O que se pode fazer quando se vive com medo e se perde a única pessoa que era o seu porto seguro? É por aí que transita este filme de Claudia Llosa, ganhador do Festival de Berlim de 2009, acompanhando a protagonista em sua jornada de dor.

Com um ritmo um pouco lento, a história perde um pouco do foco no final, porém não perde a força de sua crítica social. Llosa retrata muito bem a exploração sofrida pelos indígenas peruanos. Exploração essa que não se dá apenas social ou sexualmente, mas inclusive no campo artístico. Fausta, assim como sua mãe, costuma cantar o seu sofrimento, com músicas que criam num momento de dor ou solidão. Quando vai trabalhar como doméstica em uma rica casa em Lima, sua patroa, uma renomada pianista, acaba por roubar-lhe uma dessas canções, apenas para, logo depois, demitir Fausta, sem pagar-lhe um só centavo, dinheiro esse que serviria para o enterro de sua mãe.

Pena que Claudia Llosa não conseguiu transformar uma história local (do Peru), numa universal, o que acaba enfraquecendo a produção, já que não conseguimos nos identificar com as personagens principais, assim nosso envolvimento não é total e nos afasta de sua história.


Mas, de qualquer maneira, vale a pena conferir.



por Melissa Lipinski
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Esse é o segundo longa de Claudia Llosa. O primeiro foi "Madeinusa" que tive a oportunidade de já ter assistido. Claudia Llosa ambienta ambos os filmes no interior do Peru. Costumes e tradições indígenas, que mesmo sendo totalmente desconhecidas para nós, ela nos mantém atentos no filme.

A atuação de Magaly Solier (Fausta) é muito boa. O restante do elenco aparenta ser de não atores, com várias falhas, mas que não chegam a estragar o filme.

Eu gostei...

Recomendo.


por Oscar R. Júnior

 


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